domingo, 26 de abril de 2009

CRISE E QUEDA DE CONSUMO NA FRANÇA

25/04/2009 - Jornal LE MONDE
Crise muda hábitos de consumo dos franceses

Claire Gatinois

Carnes, pratos prontos, joias, geladeiras, gasolina ou televisores... a crise obriga os franceses a apertarem o orçamento. Ainda que o consumo de produtos básicos tenha dado um salto de 1,1% em março, segundo os números publicados na sexta-feira (24) pelo Insee [Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos], os grandes varejistas sofreram no primeiro trimestre.

A maioria dos distribuidores relativizam essa baixa, que eles atribuem a um calendário desfavorável e à queda vertiginosa dos preços da gasolina, que dissolveu automaticamente parte de suas receitas. Mas, no setor, "é bem claro que a situação é ruim", diz Eric Etienne, diretor do hipermercado Leclec em Vitry-sur-Seine, que se diz "muito estressado". "A França vai mal", ele constata.

Sua loja até que foi poupada nesse começo de ano. Suas vendas chegaram a aumentar 2% no primeiro trimestre. "Mas, para nossos concorrentes, a queda nas vendas passa de 10%", observa Etienne. "Os consumidores estão angustiados, eles tomam mais cuidado. Estamos nos saindo melhor do que os outros, mas não temos reservas: com o menor erro, também podemos cair".

Gilles Floquart, diretor de duas lojas Intermarché, em Ludres e Jarville, perto de Nancy, descreve uma situação muito delicada. "A frequência aumenta, mas o gasto médio diminuiu", ele constata.

Para não terem de ver seus faturamentos caírem, os distribuidores brigam ferozmente uns com os outros. Como não podem fazer aumentar o consumo, eles tentam roubar clientes da concorrência sendo os mais atraentes, oferecendo os melhores preços. "Talvez a crise esteja só no começo", se preocupa Floquart.

Esse período de baixa no consumo não é nenhuma surpresa. Ele se explica, em primeiro lugar, pela rápida progressão do desemprego. Automaticamente, os franceses que perderam seu emprego consomem menos, enquanto os outros, temerosos de ter o mesmo fim, preferem economizar por precaução, em vez de gastar. Hoje, os franceses reservam 16% de suas rendas, contra 13% a 14% em média. "É típico, durante recessões", lembra Nicolas Bouzou, diretor da consultoria Asteres, que prevê uma baixa no consumo de 1% para este ano.

Contudo, segundo ele, a França não está na pior das situações. Graças a uma cobertura social eficaz, o fenômeno está parcialmente amortecido. "Nos países anglo-saxões menos protetores, o recuo no consumo chega a 2%, 3%, até 4%", aponta Bouzou.

Em teoria, esse apoio aos rendimentos deveria até impedir que o consumo diminuísse. Na verdade, do ponto de vista estatístico, o poder de compra não caiu. Ele até aumentou em 1% em 2008, e deveria crescer 0,7% a 0,8% este ano, devido à baixa generalizada dos preços, especialmente da energia. Mas isso não basta para estimular os gastos. "Mesmo que seu salário continue o mesmo e os preços caiam, você não tem a sensação de estar mais rico", aponta Alexander Law, economista da consultoria Xerfi, que leva em conta a dimensão "psicológica" dessa crise de consumo.

Essa parte irracional é ainda mais espantosa porque, "pela primeira vez, contata-se uma baixa no volume das despesas alimentares", observa Law. "É muito surpreendente". Em época de recessão, na verdade, é comum adiar as compras ditas arbitrárias, que não são indispensáveis, como eletrodomésticos. Mas, mesmo em períodos difíceis, o orçamento alimentar é preservado.

6 comentários:

  1. O indiano dirigia aquele carro espaçoso acompanhado de sua namorada mexicana e mais dois garotos, um brasileiro e um japonês. Ele apontou para sua direita enquanto guiava o carro pela auto-estrada como se quisesse lhes revelar alguma coisa. Os garotos avistaram uma gigantesca fábrica. Era a fábrica da Ford. O carro se locomovia a uns 80 quilômetros por hora e durou alguns minutos para que o carro percorresse toda a extensão da fábrica. Contemplaram da pista aquela vasta construção faraônica que se projetava como um tubarão em seu habitat. Aquilo tudo era muito assustador. Apesar de terem sido nossas mãos humanas que a construíram. O sistema capitalista tem várias caras, e essa era uma delas. Imponente, colossal, inabalável. O indiano olhou para os garotos no banco de trás. "Vai fechar".

    http://www.poeticspasm.blogspot.com/

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  2. Do blog do ricardo marques

    TV pública da França não terá propaganda

    Depois de muita discussão entre os parlamentares franceses, foi definitivamente aprovada a lei proposta pelo presidente Nicolas Sarkozy que prevê a reforma da televisão pública no país, eliminando gradativamente a publicidade nesses canais. A lei determina que estes canais deixarão de veicular anúncios publicitários entre as 20h e 6h.

    A eliminação total destes comerciais deve ocorrer em 2011, ano em que, na França, a televisão analógica será substituída pela digital. Segundo o governo, a renda perdida será compensada com aumentos de impostos. A aprovação dividiu opiniões na França. Um grupo alega que trata-se de uma medida para o governo controlar totalmente a linha editorial das TVs e transformá-las em veículos de manipulação do público. Há quem afirme também que a lei favorece a principal TV privada, comandada por um amigo pessoal do presidente. Outros dizem que sem a publicidade a televisão pública francesa não estará vinculada aos interesses comerciais.

    Aqui no Brasil são muitas as discussões sobre verbas publicitárias nos canais públicos e educativos e a lei prevê restrições nesse sentido, liberando o “apoio cultural”, que na prática funciona como uma espécie de patrocínio. Até que ponto o dinheiro de empresas privadas para um programa de qualidade vai influenciar a linha editorial da TV pública? Até onde vai a ética dos dirigentes dessas emissoras em não misturar interesses da sociedade com as marcas que aparecem no vídeo? São apenas duas perguntas que surgem assim que começa a discussão sobre recursos para essas TVs. Além disso, já pagamos muitos impostos para manter serviços públicos e que a qualidade seja atingida com administrações eficientes e sem apadrinhamentos.

    http://ricardomarques.blog.emsergipe.com/?post=3390

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  3. [OffTopic]

    Professora, olha essa matéria do Núcleo Jovem da Editora Abril...

    http://www.njovem.com.br/novos_consumidores.asp

    Fala sobre 10 tendências moderna de consumidores, muito interessante tanto para as abordagens em PP como em AV.

    Abraços!

    Arthur Pinto

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