domingo, 2 de fevereiro de 2014

PARA NÃO PERDER "O BONDE" - 20 ANOS DO CURSO DE JORNALISMO DA UFS



Em 2013 completamos 20 anos do curso de jornalismo da UFS. Um dos três cursos criados em 1993, quando eram apenas três os professores efetivos e o único que permanece em atividade (o de Radialismo transformou-se em audiovisual e o de Artes tornou-se Artes Visuais) tem sua história calcada na determinação de alunos e professores que insistiram em lutar contra as dificuldades que se apresentavam, trabalhando num projeto coletivo para o qual não medíamos esforços. Criado no âmbito do departamento de Letras, autoria do Prof. Dr. Antonio Ponciano Bezerra, o curso consistiu-se num divisor de águas na formação de jornalistas para o Estado. Em 1998 foi considerado o segundo melhor curso do Brasil, num momento em que as máquinas de escrever ainda conviviam com três computadores antigos e sem internet e nos revezávamos para cobrir a oferta de um curso que funcionava em período integral, apostando que a construção de uma sólida base teórica poderia compensar a nossa precária infraestrutura. Deu certo. A luta para a reorganização dos cursos, em desacordo com as diretrizes curriculares, para o reconhecimento, a formação de um departamento, a busca de espaço para funcionamento, a qualificação dos docentes, a montagem de laboratórios e a abertura de vagas para concurso docente foi hercúlea. Em 1996 formou-se a primeira turma, ou melhor, tivemos um primeiro formando, o brilhante André Viana, e apenas, em 1997, conseguimos somar dez professores efetivos para os três cursos, um milagre que tenhamos sobrevivido com tão poucos braços e algumas cabeças. O primeiro jornal laboratório, o "Bonde Zero", surgiu em dezembro de 1993, após um curso de Diagramação Jornalística, ministrado pelo Prof. Dr. José Coelho Sobrinho/ USP, iniciativa de Franciscato, com o "número zero" saindo em 1994. Nas mãos dos professores Franciscato e Josenildo e, também, do Prof. Dr. Ênio Moraes Junior, que teve importante papel na reformulação gráfica do "Bonde" e na criação do "Bonde Mais", versão on-line, chegamos ao formato do atual "Contexto". Em meio a grande ocupação burocrática que nos obrigava a realizar reuniões praticamente todos os dias e a sobrecarga com a preparação de várias e novas disciplinas a cada semestre, a preocupação com o jornal laboratório esteve sempre na pauta de nossas discussões e não foram poucas vezes em que nos cotizamos para comprar cartuchos ou ajudar na impressão, na certeza de que sem um jornal laboratório a formação não seria completa. Embora veículo oficial do curso, o "Contexto" continua enfrentando as mazelas da administração pública, debatendo-se com a lentidão de licitações e as dificuldades inerentes de uma publicação dessa natureza, que preza por manter-se independente de financiamentos externos, patrocínios e publicidade, e opta pela qualidade como vetor central.  A recente consolidação do corpo docente e a inauguração do novo prédio dão indícios de que o "Contexto" deve entrar numa nova era e inserir-se nos formatos pelos quais o jornalismo assume diante das novas tecnologias. Quem sabe com um app e uma versão para mobile devices que amplie as possibilidades de experimentação, como requer um jornal laboratório.